Na contramão do desenvolvimento está a falta de infraestrutura em muitas estradas brasileiras. Em cima dessa justificativa, o Ceará proíbe a circulação de caminhões com peso acima de 45 toneladas nas rodovias estaduais. Essa realidade torna difícil o transporte de cargas, principalmente para bitrens e rodotrens. Entenda a dificuldade: ao chegar a uma rodovia estadual cearense, os motoristas devem apresentar autorizações especiais de trânsito individuais para todas as composições. Caso o caminhão seja articulado, os carreteiros são obrigados a transportar uma carreta por vez, refazendo o restante do percurso quantas vezes for necessário para completar a viagem. Esse itinerário encarece o serviço e torna mais cansativa a jornada de trabalho. Isso, sem contar com as possíveis multas, caso o motorista não apresente uma AET para cada implemento. Além do peso e conteúdo das carretas, transportadoras e autônomos têm de informar o percurso completo da viagem para conseguir uma AET. Em caso de qualquer alteração no trajeto determinado, torna-se necessária a emissão de uma nova autorização, que pode ser obtida gratuitamente pela internet. O problema nesse caso é a falta de conhecimento do carreteiro sobre o sistema e a dificuldade para encontrar uma lan-house (local para uso de internet e impressão). "Fica difícil programar perfeitamente a rota, imprevistos acontecem e não é fácil achar um computador com internet e impressora. A cobrança de pedágio para a reforma e manutenção da pista é a melhor opção", opina Luiz Croce, proprietário da transportadora Transcroce.
Em 2010, segundo dados divulgados pelo órgão cearense, 23.709 pessoas e/ou empresas realizaram solicitações de autorização especial de trânsito para 72.290 caminhões e 18.797 carretas. As rodovias com maior tráfego de veículos pesados são CE-176, CE-371 e principalmente a CE - 060, que cruza o Estado do Norte ao Sul.
Em contra partida, o proprietário da Pedra Branca Transportes, Paulo Alves Ferreira, atenta para o futuro do transporte nacional e cobra soluções. "Os caminhões com alta capacidade de carga são uma tendência sem volta, é preciso uma nova solução ou o abastecimento das cidades cearenses pode ser prejudicado", opina.
Outro problema conhecido do motorista brasileiro é o pagamento de propina para a liberação dos caminhões. De acordo com carreteiros que preferem não se identificar, no caso de bitrens é comum policiais sugerirem o suborno, informando inclusive a diferença entre o valor da propina e o desembolsado com multas e despesas para finalizar o serviço. Em resposta as acusações, o Tenente Coronel da Polícia Militar e Comandante da Polícia Rodoviária Estadual do Ceará, Francisco Túlio Studart de Castro Filho, retificou a importância de uma denúncia formal à corregedoria do órgão, em caso de qualquer tentativa de extorsão. "É só através das denúncias que podemos provar se isso realmente acontece. Inclusive, nós intensificamos as investigações nos últimos meses para extinguir os falsos policiais da corporação", afirma. As restrições ocorrem também em Minas Gerais, onde caminhões de 57 toneladas não estão sendo autorizados a circular pela BR381 no período noturno. Antes de iniciar qualquer viagem, a transportadora ou o carreteiro autônomo deve buscar informações sobre as rodovias da rota. |
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sexta-feira, 15 de julho de 2011 Marcadores: Estradas, Todos
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